Mantiqueira de Minas ganha reconhecimento e denominação de origem
03/07/2020
Conhecida pela produção de cafés finos, a região da Mantiqueira de Minas, no Sul do estado, alcança mais uma conquista.
A região produtora de café acaba de ser reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) como Denominação de Origem.
As IGs - previstas na Lei de Propriedade Industrial (nº 9.279/1996) - são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios.
Entre suas funções estão o de promover e proteger a região produtora.
As IGs são classificadas em duas categorias: Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO).
Após longa análise do INPI, a Mantiqueira de Minas também foi reconhecida como Denominação de Origem, modalidade de Indicação Geográfica cujo produto ou serviço tem certas características específicas graças a seu meio geográfico, incluindo fatores naturais e humanos. “Para obtê-la, tivemos que demonstrar que o café produzido na Mantiqueira de Minas não está apenas associado à cultura da região, mas tem características específicas por causa do meio geográfico como o clima, solo, vegetação, até as pessoas que produzem”, explica o presidente da Associação dos Produtores de Café da Mantiqueira (APROCAM) e Diretor de Café da CooperRita, Lucas Alckmin.
Ainda de acordo com o presidente da APROCAM, o reconhecimento de Denominação de Origem veio para dar fôlego aos produtores da região em um período de crise provocado pela pandemia, que tem causado a queda de 80% das vendas de cafés especiais. A expectativa é de estimular as exportações que hoje já representam 60% das vendas do café da Mantiqueira de Minas. “A região produz um café adocicado e com acidez acentuada, que agrada os paladares de consumidores do mundo afora. O reconhecimento é um reforço para atestar a origem do nosso café, produzido dentro de padrões específicos”, diz Alckmin.
Por solicitação, para que a conquista do selo fosse dos cafeicultores da APROCAM e das Cooperativas: COOPERRITA, COOPERVASS e COCARIVE, que envolveram pesquisadores da Universidade Federal de Lavras, da Embrapa Café, do Instituto Agronômico de Campinas, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Universidade de Brasília e do Instituto Mineiro de Agropecuária, foi realizado um esforço conjunto para desenvolver um embasamento técnico e científico para a conformidade de padrões de identidade e qualidade do café da região conhecida como “Serra da Mantiqueira”, tendo em vista a delimitação geográfica com a caracterização do potencial climático e edáfico para a cafeicultura de alto desempenho sensorial.
Para a CooperRita, é um marco que representa uma nova etapa em sua atuação no mercado de cafés especiais e sua participação na quarta onda do café. Essa conquista converge com os desejos dos consumidores em ter a experiência de tomar um café de uma origem exclusiva, a nível internacional.
Como ter acesso ao selo? A denominação é concedida apenas aos produtores que pertencem aos 25 municípios delimitados pela Mantiqueira de Minas e cafés que estejam depositados em um dos armazéns reconhecidos pela (DO). E, como regra, o café deverá ter bebida de pontuação 83 acima, segundo a classificação da escala SCA (Specialty Coffee Association).
Os municípios que compreendem a região da Denominação de Origem são: Baependi, Brasópolis, Cachoeira de Minas, Cambuquira, Campanha, Carmo de Minas, Caxambu, Conceição das Pedras, Conceição do Rio Verde, Cristina, Dom Viçoso, Heliodora, Jesuânia, Lambari, Natércia, Olímpio Noronha, Paraisópolis, Pedralva, Piranguinho, Pouso Alto, Santa Rita do Sapucaí, São Gonçalo do Sapucaí, São Lourenço, São Sebastião da Bela Vista e Soledade de Minas.
A área está localizada em uma área de cultivo de 56 mil hectares, dedicados à produção de aproximadamente 1,2 milhões de sacas de café. No local há 8,2 mil produtores rurais, 82% deles são de pequenas propriedades cafeeiras.
INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS EM MINAS
Com a inclusão da Mantiqueira de Minas, o Brasil já possui 69 IGs concedidas pelo INPI, 10 delas em Minas Gerais. “A Mantiqueira de Minas foi a segunda região no estado a obter a Denominação de Origem. A primeira foi a Região do Cerrado Mineiro”, conta o analista do Sebrae Minas, Rogério Galuppo.
As IGs estimulam a produção local e ainda fomentam o turismo da região. “Esses reconhecimentos beneficiam os pequenos produtores de diversas regiões brasileiras, elevadas ao mesmo status dos mais nobres territórios demarcados do mundo”, justifica Galuppo.
O Sebrae Minas tem trabalhado com várias regiões do estado para fomentar as micro e pequenas empresas, estimulando a implementação de processos produtivos agregados à tradição e valor cultural, gerando diferenciação dos produtos mineiros no mercado. “As pessoas estão cada vez mais preocupadas em conhecer o histórico, a origem e a figura de quem produz o que está adquirindo. Os pequenos produtores devem estar atentos a esses novos hábitos de consumo buscando sempre aprimorar os cuidados ambientais e sociais sobre o que vendem”, alerta o analista do Sebrae Minas.